Tubibal: uma nova fronteira agrícola no município de Jandaíra

Da Tribuna do Norte

Com uma área de aproximadamente 2 mil hectares e formações geológicas favoráveis à prática da irrigação, o distrito de Tubibal, em Jandaíra, na região do Mato Grande, desponta como a nova fronteira agrícola do Rio Grande do Norte. Segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Pesca do RN (SAPE/RN), existem mais de 50 empreendimentos locais voltados para o setor, onde são produzidos em 2 mil hectares algo em torno de 70 mil toneladas, ao ano, de produtos como melão, banana, mamão e outras culturas.

A fertilidade do solo, alinhada às condições climáticas e à capacidade hídrica, com a ocorrência de um reservatório subterrâneo a 140 metros de profundidade, contribuem para o desenvolvimento de culturas irrigadas e impulsionam a atração de empresas estrangeiras e o trabalho de pequenos e médios produtores. De acordo com o titular da SAPE/RN, Guilherme Saldanha, o polo tem ganhado destaque com a exportação de frutas e geração de emprego e renda, com as áreas de exploração sendo expandidas. “O distrito de Tubibal está contemplado dentro das ações do Governo do Estado que quer aumentar em 20 mil hectares a produção irrigada em todo o RN nos próximos cinco anos”, comenta o secretário.

No caso das empresas privadas, o foco é a produção de hortifruticultura para a exportação. Três grandes fazendas estão instaladas no distrito atualmente. O potencial da comunidade, de pouco mais de 700 habitantes, também chama a atenção de médios produtores de outras partes do País e fomenta a geração de empregos local. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em abril passado, o município de Jandaíra possuía 405 empregos formais, sendo 318 oriundos da agropecuária.

As exportações do município neste ano, turbinadas pela produção de frutas, somaram, até maio, US$ 3,25 milhões. Mas em comparação com igual período de 2020 (com somas que chegaram aos US$ 4,29 milhões), houve redução de 33,9%, segundo dados do Ministério da Economia. A diminuição tem a ver com os efeitos da pandemia da covid-19, que fechou mercados no mundo inteiro. Ainda assim, Jandaíra ocupa a 7ª posição entre os municípios potiguares com maior índice de exportação.

A CMR Brasil, empresa de capital espanhol, chegou à Tubibal em 2008. Foi a primeira grande fazenda a se instalar na comunidade. A produção tem como carro-chefe o melão, seguido por melancia, mamão e milho. São mais de 500 hectares explorados. “A produção é sazonal, com uma programação voltada para o plantio do melão, que acontece no verão. Essa cultura é produzida num período onde não há ocorrência de chuvas, por isso, a safra aqui acontece de julho a abril, entre um ano e outro”, explica o engenheiro agrônomo da CMR Brasil, Ângelo Marcos Braga.
Frutas vão para o mercado exterior

Toda a fruticultura produzida pela CMR Brasil vai para a exportação. No caso do melão e da melancia, os produtos seguem para a Espanha, de onde são distribuídos para outros países. O mamão é vendido para uma empresa, responsável pela exportação do fruto. O milho (forragem ou espiga) tem como principal destino a capital potiguar, mas também abastece todas as regiões do Brasil.

Segundo Ângelo Marcos Braga, engenheiro agrônomo da empresa, geralmente são plantados aproximadamente 400 hectares de melão e melancia, 13 hectares de mamão e 100 hectares de milho. A estimativa de produção por cultura é de 29 toneladas para cada hectare plantado ao fim da safra. Com a chegada da pandemia da covid-19 no ano passado, o plantio como um todo sofreu revés de 50%. Para este ano, a nova safra não terá reduções. Isso porque o mercado mundo afora começa a retomar as atividades.

“Temos a expectativa de crescimento, apesar de um cenário ainda duvidoso por causa da pandemia. Mas com o advento da vacinação em massa, muitos países já liberaram as atividades. Então, o comércio vai voltar com uma boa procura por frutas e o mercado vai se aquecer”, avalia Ângelo Marcos Braga.

A melancia segue o mesmo período de produção do melão, enquanto que, para o milho, a safra acontece entre abril e julho, durante o período chuvoso na região. Para o mamão, o tempo de cultivo é maior. “Essa é uma cultura perene. Da planta em si ao corte, já depois da produção, quando não há mais viabilidade econômica, são dois anos. Por isso, é a cultura que produzimos com mais tempo para se consolidar”, afirma Braga em relação ao fruto.