Luz desligada e uso de ferramentas indicam que fugitivos de Mossoró tiveram ajuda interna, diz PF

Foto: Raquel Lopes

Investigação da Polícia Federal aponta que as circunstâncias da fuga dos dois detentos na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, “sugerem fortemente” a possibilidade de ocorrência dos crimes de facilitação de fuga, além de dano qualificado.

Segundo documento ao qual a Folha teve acesso, a polícia relata ao menos quatro indícios da tese. O primeiro se refere às barras de metal usadas para retirar a luminária da parede da cela. Foi a partir daí que os dois chegaram ao local da manutenção do presídio, onde estão máquinas, tubulações e toda a fiação, conhecido como shaft.

Nas celas dos presos e na laje do telhado em cima das celas foram encontrados os objetos de metal provavelmente usados como ferramentas para retirar as luminárias existentes nas celas. Pelo menos um desses metais seria compatível com vergalhões utilizados na reforma em andamento, sugerindo que o instrumento tenha sido, na verdade, introduzido na cela. A polícia aguarda laudo da polícia sobre isso.

Através desse duto de manutenção, os fugitivos subiram uma escada e alcançaram o telhado da penitenciária, removeram a telha e desceram pela parte externa do prédio até chegar ao tapume referente a uma obra em andamento, que fica próximo à cerca.

Um segundo indício é que foi justamente nesse tapume que os dois presos conseguiram encontrar ferramentas de corte usadas para romper a cerca do perímetro interno. Em seguida, também romperam a cerca do perímetro externo e fugiram.

Outro indício, na visão da investigação, é o fato de os fugitivos terem conseguido se dirigir a um tapume na escuridão. Um poste que deveria iluminar toda aquela área estava desligado pelo disjuntor.

Nesse ponto, há um quarto indício. Mesmo no breu, os fugitivos foram capazes de encontrar ao menos um alicate. A polícia considera provável que a ferramenta tenha sido deixada no local justamente para romper as cercas.

A investigação aponta que as imagens da ação dos fugitivos para retirar a luminária também sugerem que tenha sido um trabalho demorado e sincronizado, supostamente perceptível mediante simples revista na cela.

Folha de S. Paulo