Exposição ‘Memórias do Mar’, de João Oliveira, entra em cartaz na Pinacoteca do Estado

Foto: João Oliveira (Margem Hub)

Composta de instalações, colagens, cianotipias e séries fotográficas, a exposição “Memórias do Mar” caminha por paisagens de mangues, embarcações, ranchos de pescadores, cardumes e salinas. Uma das protagonistas da economia do Estado, a cultura da pesca artesanal na Costa Branca do Rio Grande do Norte ganhou um retrato poético a partir das lentes do artista visual João Oliveira.

Depois de anos de pesquisa na região, ele apresenta ao público o resultado de seu trabalho, por meio da mostra que será aberta ao público nesta sexta-feira (26), às 19h, na Pinacoteca do Estado, em Natal (RN).

Na ocasião também será relançado o fotolivro “Sal e Mangue” (2021). A mostra fica em cartaz até o dia 18 de maio. A inspiração para a exposição surge da profunda imersão de João Oliveira na pesquisa antropológica, especialmente o seu envolvimento com o Núcleo de Antropologia Visual (NAVIS), na UFRN, sob a orientação da professora Lisabete Coradini, que assina a curadoria ao lado de Paula Lima. Os trabalhos foram desenvolvidos em paralelo à sua pesquisa de mestrado na região, focada na fotoetnografia.

O interesse pela Costa Branca tem relação com as memórias da família. “É um lugar que chama atenção pelas características sociais e geográficas. Tem forte presença da indústria do sal e, ao mesmo tempo, você vê a cultura da pesca artesanal”, conta o artista. Seus estudos foram centrados especialmente nas comunidades de Diogo Lopes, Sertãozinho e Barreiras.

Fundador da galeria Margem Hub, João Oliveira monta pela primeira vez uma exposição individual na Pinacoteca do Estado. A exposição, nesse caso, não apenas ressalta sua trajetória como fotógrafo, mas também revela seu amadurecimento enquanto artista visual contemporâneo, explorando diferentes suportes além da fotografia, e diferentes práticas de atelier.

A mostra está distribuída em núcleos e é composta de instalações, colagens e processos experimentais, como a cianotipia. Destacam-se séries como “Derivas”, em que o artista apresenta registros de objetos encontrados nas áreas de mangue, que muito dizem sobre as relações sociais existentes na comunidade. A série “Barcos” explora a relação simbólica entre a comunidade e suas embarcações. Enquanto a instalação “Cardume” revela uma visão singular dos peixes e da cultura pesqueira. A exposição resgata também a série “Sal e Mangue”, de 2021, resultado de sua primeira imersão na Costa Branca, entre os anos de 2015 e 2019.

“Memórias do Mar” não é apenas uma exposição, mas o resultado de um longo percurso de pesquisa e reflexão. E representa, segundo João Oliveira, “a relação interligada e não hierárquica” de alguns modos de produção do conhecimento. “A gente tem a própria ciência social, a arte e os saberes tradicionais. É uma exposição que se coloca no lugar de intersecção desses campos”, comenta o artista.

A exposição está sendo realizada com recursos próprios. Conta com produção da Margem Hub e apoio do Governo do RN, por meio da Fundação José Augusto. A pesquisa sobre a cultura da pesca artesanal na Costa Branca se tornou possível graças à bolsa CAPES, pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da UFRN, dentro do Núcleo de Antropologia Visual (NAVIS).