Em meio a crise de popularidade, Lula escala ministros para receber líderes evangélicos

Diário de São Paulo

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A pasta liderada por Nísia esteve no centro de um embate com grupos religiosos em fevereiro, devido a uma nota técnica sobre procedimentos de aborto legal, que acabou sendo suspensa após pressão de bolsonaristas.

De acordo com informações da Folha de São Paulo, além de Nísia, outros ministros que devem se encontrar com líderes evangélicos incluem Camilo Santana (Educação), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência). No entanto, os nomes desses líderes religiosos são mantidos em sigilo.

Há preocupações de que os bolsonaristas, que atualmente exercem grande influência no meio evangélico, possam criar problemas antes mesmo que a iniciativa se concretize.

Não há uma pauta específica para essas reuniões, e a escolha dos ministérios visitados tem sido feita em conjunto entre os aliados do presidente e os representantes evangélicos. Líderes evangélicos aliados ao governo consideram que ainda faltam gestos por parte do governo.

Mesmo o apoio de governistas na Câmara à PEC que amplia a imunidade tributária das igrejas é considerado insuficiente para conquistar o apoio das lideranças das igrejas, que têm uma forte conexão com uma parcela significativa da população.

Uma pesquisa recente do Datafolha revelou que a gestão do presidente Lula tem uma aprovação negativa de 33%, contra 30% na pesquisa anterior, indicando uma oscilação negativa. Especificamente entre o público evangélico, a desaprovação subiu de 38% em dezembro para 43% em março.

Um líder religioso, falando em condição de anonimato, interpretou os resultados da pesquisa, sugerindo que a maioria dos evangélicos se preocupa mais com os princípios e valores cristãos do que com o desempenho econômico.

Segundo interlocutores de Lula, o presidente é “um homem de fé”, mas precisa deixar mais claro a influência do cristianismo em sua vida, sem, no entanto, instrumentalizar ou misturar a religião com a política – uma postura que o presidente busca manter ao evitar falar publicamente sobre o tema.