Pesquisa estuda uso de própolis verde para melhoria da alimentação animal

Professor Dorgival Morais expõe extrato da própolis verde utilidade na pesquisa. Foto: Eduardo Mendonça/Assecom/Ufersa

Um estudo desenvolvido no Núcleo de Ensino e Pesquisa de Pequenos Ruminantes – NEPPER da Universidade Federal Rural do Semi-Árido acompanha a viabilidade no uso do extrato de própolis verde do Semiárido, produzidos por abelhas que propolizam em bosques de Jurema (Mimosa tenuiflora), sobre o metabolismo de ovinos. Se o resultado for favorável, abre-se uma alternativa para substituição de alguns aditivos utilizados atualmente na alimentação desses animais.

A própolis é uma resina produzida por abelhas, rica em substâncias bioativas, sobretudo as que possuem efeito similar aos antibióticos, como os flavonoides e chalconas. A literatura acadêmica já dispõe do registro de 13 diferentes tipos de própolis, não existe ainda, no entanto, o registro para a própolis verde do Semiárido, mas que já vem sendo estudada por pesquisadores da Ufersa.

Essa décima quarta variantes é derivada de enxames de abelhas que se propolizam em áreas ricas da Jurema Preta, uma leguminosa muito comum no Nordeste. O desafio do estudo, agora, é o de averiguar os efeitos da ingestão da própolis na medida em que se busca o melhor nível na dosagem.

“Os resultados até aqui são bastante positivos porque não obtivemos nenhum efeito colateral nos animais”, antecipa o professor Dorgival Morais de Lima Júnior, coordenador do projeto.

O Estudo – 

O trabalho está sendo desenvolvido a partir de dois ensaios com ovinos. No primeiro, os pesquisadores buscam estabelecer a quantidade de extrato de própolis verde servida a ovinos alimentados com dieta de alto grão. Na segunda fase, o objetivo é avaliar se a substância influencia no desempenho e qualidade da carne de ovinos alimentados com alto grão.

Essa avaliação deve levar cerca de 80 dias, divididos em cinco períodos de 16 dias, dos quais os dez primeiros serão de adaptação. Todo o material coletado – incluindo alimento, fezes e urina – segue para análise laboratorial. Por se tratar de um trabalho científico com uso de animais, a pesquisa segue as recomendações estabelecidas pela Comissão de Ética no Uso de Animais – CEUA da Ufersa (Parecer 23/2021).

A previsão é que, aproximadamente, em três meses já se possa ter os primeiros resultados conclusivos. A expectativa é que, sendo viável o uso da própolis verde, possa substituir aditivos com potencial antibiótico, haja uma melhoria na carne comercializada para consumo, sobretudo, em aspectos como a vida de prateleira da carne e na saúde animal.

O estudo ainda contribui para criação de um amplo banco de dados e forte potencial inovador, abrindo perspectivas de elaboração de produtos que poderão ter seu uso patenteado. Sem contar ainda no impacto econômico para na renda de apicultores “Essas ações poderão contribuir para estruturar ações de desenvolvimento sustentável dos sistemas de produção de ruminantes além de melhorar a qualidade de vida da população com oferta de produtos com menor risco biológico”, detalha o texto de justificativa do projeto.

A pesquisa está intitulada “Extrato de Própolis verde da Mimosa tenuiflora (Mart.) Benth. para ovinos”, sob a coordenação do professor Dorgival Morais, zootecnista, lotado no Departamento de Ciências Animais da Ufersa, e Bolsista de Produtividade do CNPq. Ao todo, conta com a participação de22 estudantes de graduação (Bolsistas de Iniciação Científica e voluntários) e mestrandos e doutorandos dos pós-graduação dos Programas de Pós-graduação em Ciência Animal (PPGCA) e Produção Animal (PPGPA).

Fonte: Ufersa