PSDB rejeita pedidos de expulsão de Aécio

Aécio fica no PSDB

A executiva do PSDB decidiu nesta quarta (21) rejeitar dois pedidos de expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), em uma derrota para o governador de São Paulo, João Doria.

Ao todo, 35 tucanos participaram da reunião no diretório nacional, em Brasília. Foram 30 votos a favor de Aécio, 4 contra e uma abstenção.

Doria, que tem adotado um discurso de renovação da sigla, disse em nota que o “PSDB escolheu o lado errado”. “O derrotado neste caso não foi foi quem defendeu o afastamento de Aécio. Quem perdeu foi o Brasil”, afirmou.

Num recado a Doria, Aécio disse que é “hora de todos nós lambermos as feridas e olharmos para frente”, com “menos rancor no coração e mais amor a se distribuir a todos”.

Presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo afirmou a decisão desta quarta é “definitiva”. “O assunto Aécio Neves em relação aos fatos apresentados está encerrado”, disse.

Aécio é investigado em uma série de inquéritos e se tornou réu, em abril de 2018, sob acusação de corrupção passiva e obstrução da Justiça. O deputado ainda não foi julgado.

O deputado é réu no processo relativo ao episódio em que foi gravado, em março de 2017, pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, da JBS.

A ofensiva contra o deputado mineiro foi patrocinada por Doria, que conseguiu apenas quatro votos contra Aécio: o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), do prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, do secretário de Saúde da capital paulista, Edson Aparecido, e do tesoureiro do PSDB, César Gontijo. A abstenção foi do líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Uma das representações analisadas foi formalizada pela direção paulistana em 9 de julho, um dia antes de o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), aliado de Doria, ameaçar deixar o partido caso Aécio não fosse expulso. Covas, que busca a reeleição em 2020, chegou a dizer “ou eu ou ele” para defender a saída do mineiro.

Relator e aliado do mineiro, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA) apresentou parecer contrário à admissibilidade das representações. A maioria da executiva acompanhou o entendimento, travando a possibilidade de os casos avançarem para o Conselho de Ética do partido.

De última hora, Sabino mudou seu relatório e decidiu rejeitar, de uma só vez, dois pedidos: o do diretório municipal e o do estadual de São Paulo. A princípio, só a representação da capital paulista seria analisada. A reunião da executiva chegou a ser interrompida para ele refazer seu parecer.

Questionado se a posição da executiva foi derrota para Doria, Aécio afirmou não enxergar dessa forma, mas chamou o processo de eleitoreiro.

Para Aécio, “o PSDB deu uma demonstração de que quer virar essa página”. “O PSDB sabe de sua responsabilidade”, disse. “O partido tomou uma decisão serena e democrática. Não há aqui vitoriosos e vencidos. É uma decisão que respeita não apenas aquilo que prevê o estatuto, mas também a história daqueles que construíram o PSDB.”

Segundo o deputado, “Doria tem qualidades” e “um projeto ainda em construção vai passar pelo êxito da sua administração em São Paulo, para o qual todos nós torcemos”.

Doria, que trabalha para ser candidato à Presidência em 2022 e hoje é tido como o principal líder nacional do PSDB, afirmou na terça (20) que o correligionário deveria fazer sua defesa fora do partido.

Folha Press/Notícias ao Minuto