“Só quem está dentro do olho do furacão pode entender o que nós estamos passando”, diz diretora do Tarcísio Maia

Herbênia Ferreira, diretora-geral do Hospital Regional Tarcísio Maia

O aumento do número de casos confirmados do novo coronavírus no Rio Grande do Norte e a pressão intensa por leitos impõem aos profissionais de saúde a tensão de uma rotina que exige cada vez mais de cada um e que afeta também a saúde emocional de quem está na linha de frente.

De acordo com a diretora-geral do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), localizado em Mossoró, Herbênia Ferreira, muitos funcionários estão em estado de ansiedade e a equipe pensa em formas de atuar junto às famílias de pacientes internados na UTI que estão desesperadas.

“Não está fácil, só quem está dentro do olho do furacão pode entender o que nós estamos passando”, diz ela. Para a diretora, o mais angustiante é o fato de que muitas pessoas estão nas ruas, como se nada estivesse acontecendo, sendo contrárias a medidas como isolamento social e o lockdown (bloqueio total).

“Uma situação muito difícil, uma situação atípica, apesar das dificuldades que todos nós enfrentamos na área da saúde”, reforça a diretora, com relação à rotina que tem sido enfrentada pelos profissionais em decorrência da pandemia.

Ela conta que os funcionários estão sobrecarregados, muitos desenvolvendo transtorno de ansiedade e muitos sem conseguir dormir à noite. “É uma corrida contra o tempo, é uma corrida contra um inimigo invisível e poderoso”, alerta.

A diretora do hospital menciona ainda a importância da população se conscientizar e adotar as medidas de prevenção básicas, como lavagem correta das mãos a todo instante, evitar tocar o rosto e cuidar da higienização das roupas, entre outras medidas necessárias. Como lembra a diretora, hoje o Covid já é transmitido de forma comunitária.

Ela também pede a proteção para os idosos e pessoas inseridas em grupos de risco. “Essas pessoas precisam ser cuidadas”, reforça. Com relação ao grande número de pessoas nas ruas, a diretora comenta que é preciso colaboração mútua e volta a dizer que muitos profissionais adoecendo, sem contar os que se contaminam e que tem que ser afastados.

Herbênia comenta que as pessoas precisam entender que os profissionais de saúde são humanos e têm emoções. E lembra situações complexas enfrentadas por eles. “É muito difícil se manter de pé vendo o paciente morrendo”, afirma. Outra dificuldade enfrentada pelos profissionais de saúde é ver um paciente se agravando e ter o medo de se contaminar ou contaminar os pais que estão em casa.

“É preciso que a população entenda isso”, ressalta a diretora do Tarcísio Maia, que informa que desde que os leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Tarcísio Maia foram ampliados, o número de internações está sempre aumentando.