Número de imigrantes venezuelanos em situação de mendicância aumenta no RN
out
06
2019
Encontrar venezuelanos com cartazes pedindo em semáforos
não é mais novidade nas ruas de Natal. Com condições difíceis de moradia e
alimentação em seu país de origem, os imigrantes tomaram rumo para a capital
potiguar em busca de uma nova chance nas suas vidas.
Hoje com uma placa de ajuda na Avenida General Gustavo
Cordeiro de Farias, em Petrópolis, zona Leste de Natal, o venezuelano, José
Baez, de 49 anos, costumava ser professor e atuava há seis anos na área da
educação. Com salário equivalente a pouco mais de R$ 104, ele conta que pedir
pelas ruas do Brasil se tornou a principal alternativa para sua sobrevivência e
de sua família.
A estimativa é de que 50 venezuelanos estejam, hoje, em
Natal. Nos próximos dias, a expectativa é que uma nova leva de estrangeiros
desembarque na Rodoviária de Natal. O grupo está morando na zona Oeste da
cidade. Parte está abrigada em uma pousada e outra parte em uma casa alugada.
“A situação lá é muito triste. Eu era professor,
trabalhava, mas não conseguia nem comer. Aqui ao menos eu consigo. Ficar nas
ruas pedindo virou a solução para poder dar de comida para minha família. Lá
falta comida, não tem moradia, muito menos medicamentos”, relatou.
O atual piso salarial do professor na Venezuela é de R$
104,31 por mês, montante que equivale a apenas 4% do piso estabelecido para a
categoria no Brasil, que é de R$ 2.557. O valor pago para um professor
venezuelano é suficiente para comprar apenas um quilo de carne e um de queijo
no país.
José Baez é oriundo de Tucupita, capital de Delta
Amacuro, a mais de 700 quilômetros de Caracas. Ele está em Natal há três
semanas e veio para a cidade de carro com sua esposa, seus quatro filhos e um
amigo, que também é da Venezuela. Até chegar em solo potiguar, o imigrante
parou em diversas capitais durante seu trajeto, como Boa Vista, Manaus, Belém,
São Luís, Teresina e Fortaleza. Ele, contudo, afirma que foi na capital do Rio
Grande do Norte que ele encontrou a população mais acolhedora e solidária.
“Aqui em Natal foi onde melhor consegui ajuda. As pessoas
me dão roupas, comida e dinheiro. O povo daqui está sendo muito acolhedor, me
veem pedindo e sempre dão ajuda”, frisou.
Baez carrega em suas mãos um cartaz com os dizeres: “Sou
da Venezuela, vim de uma crise. Eu necessito, me ajude”. Ele está alojado junto
de pelo menos outros 30 venezuelanos em um hotel, próximo a rodoviária, também
na zona Leste de Natal.
Hospedado no mesmo hotel que José Baez, o também
venezuelano Ubaldo Ratia, de 39 anos, junto com suas duas filhas pequenas, de
cinco e sete anos, e de seu sobrinho, de nove, também pede pelas ruas de Natal.
Ubaldo está em Natal há apenas três dias, mas já nota a diferença da qualidade
de vida da Venezuela para o Brasil.
Em seu país de origem, trabalhava como cortador de cana,
mas relata o mesmo problema que todos: nos últimos anos, com a disputa de
poderes entre Nicolás Maduro e seu opositor Juan Guaidó, a escassez do básico
necessário para se viver é frequente.
“Lá (na Venezuela) faltava tudo, aqui eu posso criar meus
filhos. As coisas são muito caras, todo preço é acima do que se tem aqui. Eu
vim para sobreviver, lá não tinha condições”, explicou Ratia.
Assis Silva
Jornalista – DRT 1652 – Começou na imprensa local através do jornal A Cidade, foi redator-noticiarista das rádios Baixa verde AM. Líder FM e TOP FM, editor e redator de vários jornais regionais e locais ao longo de 30 anos de profissão. Em 2007 criou o 1º blog da região campeão em acessos diários. Fone para contato: 84 9 9610 - 9977