Intervenção: moradores da Casa do Estudante temem expulsão e pedem ajuda

Há quase três meses sob intervenção judicial, a Casa do Estudante do Rio Grande do Norte – CERN, na Cidade Alta, em Natal, continua abandonada pelo poder público. Com 72 anos de história e serviços prestados a estudantes carentes do Estado, pode ser fechada nos próximos dias, segundo fontes deste Companhia da Notícia, por meio do coronel da reserva da PM Araújo Lima, designado pelo Ministério Público como interventor para acompanhar o processo de intervenção que passa a instituição. “Eu não tenho onde morar, sou estudante e fui notificado, como todos os moradores da Casa, pelo senhor interventor, para deixar o prédio. É injusto sermos tratados desta forma, sem nenhum direito de defesa”, afirmou um morador, pedindo para não ser identificado, temendo represálias.

Outro estudante conta que um dos motivos para ser “convidado a sair” da Casa seria sua idade, 25 anos, mas pondera: “A Constituição não limita idade para estudar. Não quero nada demais, apenas a sensibilidade por parte das autoridades do nosso Estado. Quero permanecer tendo um teto para morar, enquanto estudo. Se eu não ficar aqui, vou ter que ir morar na rua e quem vai garantir minha segurança lá fora?”.

Alguns moradores estariam assustados com a forma das abordagens que estariam sendo praticadas por Araújo Lima. Segundo relatos de alguns deles, o oficial estaria arrombando quartos, proibindo a entrada de sócios, moradores, representantes de instituições estudantis e até ameaçando de prisão e expulsão de quem tira até foto da fachada do prédio.

Atualmente, quase quarenta estudantes moram na CERN e mesmo com a intervenção por parte da Justiça, a entidade não tem sequer um auxiliar de serviços gerais para fazer a limpeza do prédio que é tombado pelo IPHAN; os próprios moradores fazem mutirão para garantir a integridade do prédio histórico que passou por uma reforma há alguns meses.

Notificados pelo interventor a deixar o prédio até o dia 20 de dezembro, muitos dos moradores podem ir parar na rua.

Moradores alegram não terem direito de defesa e nem serem ouvidos pelo Ministério Público Estadual. Reforçam que a intervenção judicial serviu apenas para tomar o prédio dos estudantes, em meio a  denúncias sobre desvios de recursos da reforma e extravio do patrimônio da instituição.

Fonte: Companhia da Notícia