Fora do ‘Mais Médicos’ cubanos trabalham como balconistas em farmácia de Mossoró
abr
07
2019
Pelo menos três médicos
que ficaram em Mossoró após saída de Cuba do programa foram contratados pelos
estabelecimentos. Sem revalidação de diplomas, eles não podem fazer consultas.
Com 26 anos de experiência como médica, Zuzel Ramos
Rodriguez vive uma nova experiência profissional. Fora do programa Mais Médicos
desde o final do ano passado, quando o governo federal encerrou a parceria com
a Organização Panamericana de Saúde (Opas), ela conseguiu emprego como
balconista de farmácia no bairro Abolição I, em Mossoró.
Ela não é um caso isolado. Sem o processo de
revalidação dos diplomas, pelos menos três profissionais cubanos que atuavam na
cidade e resolveram ficar no Rio Grande do Norte após a saída de Cuba do
programa estão trabalhando em farmácias, ganhando um salário mínimo
mensalmente.
“O processo do Revalida de 2017 só acabou
agora e nós estamos esperando abrir o novo edital para revalidar nossos
diplomas e poder atuar”, diz a médica, que chegou a Mossoró em 2014. Ela
se casou e se estabeleceu na cidade.
Apesar das dificuldades, Zuzel não reclama do novo
emprego. “É uma experiência boa, porque já conheço nomes de medicamentos
genéricos e tenho conhecido outros. Não era o que eu estava acostumada, mas eu
gosto”, conta.
Reconhecidos por
antigos pacientes, os médicos sempre são abordados por pessoas que querem fazer
uma consulta, mas lembram que não podem exercer a profissão enquanto não
fizerem a revalidação do diploma. “Não podemos fazer consultas, nem
receitar remédios”, lembra Yoanis Infante, outro profissional que também
virou balconista.
Yoanis trabalha
há dois meses em uma farmácia do bairro 12 Anos – o mesmo no qual ele atuava
como médico de saúde da família, pelo Mais Médicos. Com alguns descontos, por
não ter trabalhado o primeiro mês completo, recebeu R$ 650 de salário.
“Trabalho por comissão, mas se não alcanço o salário mínimo, a farmácia
completa, Tem os descontos como INSS”, diz.
O médico reclama
porque diz que há vagas disponíveis no programa, porém, o governo não abriu
oportunidade para os profissionais cubanos que decidiram ficar no país.
“Disseram que os médicos que quisessem ficar poderiam fazer revalidação e
continuar no programa, mas isso não aconteceu. Só abriram para brasileiros com
CRM e brasileiros que se formaram no exterior. Alguns até já abandonaram as
vagas, mas não deram oportunidade para nós”, diz.
Nesta
sexta-feira (5), o Ministério da Saúde informou que um dos médicos contratados
no último edital para preencher as vagas aberta pela saída dos cubanos em
Mossoró deixou o cargo. Ao todo, foram 19 no estado. Porém, de acordo com
Yoanis, há pelo menos três vagas abertas na cidade.
O Conselho de
Secretarias Municipais de Saúde do Estado afirmou ainda na sexta que está
fazendo um levantamento junto às prefeituras para ter uma dimensão do déficit
no estado.
Assis Silva
Jornalista – DRT 1652 – Começou na imprensa local através do jornal A Cidade, foi redator-noticiarista das rádios Baixa verde AM. Líder FM e TOP FM, editor e redator de vários jornais regionais e locais ao longo de 30 anos de profissão. Em 2007 criou o 1º blog da região campeão em acessos diários. Fone para contato: 84 9 9610 - 9977