IFRN não terá orçamento para retomar aulas presenciais se corte de verbas for mantido, diz reitor

O reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), professor José Arnóbio Araújo Filho, afirmou nesta segunda-feira (24) que, com o orçamento previsto atualmente, a instituição não terá verba para bancar a retomada das aulas presenciais este ano, ainda que em formato híbrido. De acordo com ele, para que os professores e estudantes voltem às salas de aula ainda em 2021, será necessário fazer uma recomposição dos recursos.

Em entrevista ao programa “12 em Ponto 98”, da 98 FM Natal, o reitor destacou que o IFRN tem um orçamento previsto de R$ 70 milhões para 2021. Isso significa uma redução de 23% em relação a 2020, quando a instituição operou com uma receita de R$ 90 milhões – e já em dificuldade financeira. Para agravar o quadro, do dinheiro disponibilizado para este ano, R$ 10 milhões estão temporariamente bloqueados, reduzindo a previsão para apenas R$ 60 milhões.

O reitor assinala que, mesmo sem volta às aulas, o IFRN terá de diminuir contratos para fornecimento de mão de obra terceirizada por causa do corte de verbas. Com o retorno às aulas, a situação ficaria ainda mais grave.

“O recurso da gente não dá. É a realidade. Estou trabalhando com números reais. Se eu voltar de forma híbrida, eu vou ter que aumentar o número de servidores terceirizados, sendo que vou ter que demitir por questões de orçamento. Vou ter que aumentar o número de sanitizantes, vou ter que fazer limpeza dos ambientes, banheiro, salas de aulas. Vou ter que mais insumos. Como eu vou conseguir bater esse número? Precisamos da recomposição. Se não houver recomposição, as nossas ações do ensino, pesquisa e extensão estão completamente ameaçadas”, enfatizou o professor.

O reitor do IFRN ressalta que, por causa da suspensão de atividades presenciais, recursos financeiros do ano passado ficaram como “restos a pagar” para 2021. Por este motivo, mesmo com a redução de R$ 20 milhões para este ano, é possível fechar a contabilidade. Mas, com tamanha diminuição de verbas, não há recursos suficientes para a retomada das aulas, diz o professor.

“Como a gente tem restos a pagar, juntando com o orçamento deste ano, se não tiver que voltar de forma híbrida, a gente fecha o ano”, destaca.

Para fechar as contas, o professor enfatiza que terá de demitir servidores terceirizados, para não ter de reduzir despesas com assistência estudantil, por exemplo, especialmente no momento em que estudantes precisam de ajuda para continuar tendo acesso ao ensino remoto.

“Infelizmente, vamos ter que cortar onde é mais dolorido. Fatalmente, vamos ter demissão de servidores terceirizados. É algo que dói muito ter que demitir servidor terceirizado. Eu estou falando de seu João, Maria, Joaquim, que trabalha como ASG, porteiro. Infelizmente, em função dessa redução orçamentária, eles vão ter os seus empregos – não sei quantos – (cortados). Isso é real”, finaliza.

Fonte: 98FMNatal