Críticas de Bolsonaro às eleições provocam temor de judicialização

Críticas frequentes do presidente Jair Bolsonaro sobre a lisura do sistema eleitoral geraram preocupações quanto à possibilidade de haver uma judicialização da disputa presidencial de 2022.

As pressões pela substituição da urna eletrônica pelo voto impresso têm sido vistas como sinais de que o chefe do Executivo não aceitará uma eventual derrota nas urnas daqui a dois anos. Especialistas ouvidos pela reportagem falaram sobre possíveis reflexos para a estabilidade democrática e para o esforço de recuperação econômica do país.

Bolsonaro intensificou a pregação contra o sistema eleitoral depois de ver a maioria de seus candidatos derrotados no primeiro turno das eleições municipais e também no momento em que algumas indefinições no governo ameaçam atrapalhar seu projeto eleitoral.

O atraso na criação de um programa permanente de distribuição de renda para substituir o auxílio emergencial, que termina em dezembro, é um dos componente do pano de fundo das preocupações do presidente com 2022. A concessão do benefício foi decisiva para o aumento dos seus índices de aprovação.

Uma preocupação adicional do chefe do governo é o fortalecimento que partidos políticos ligados a adversários tiveram no primeiro turno das eleições municipais, entre os quais o PSDB do governador de São Paulo, João Doria, um dos pré-candidatos à presidência. Também saíram fortalecidos o MDB e o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), visto pelo Planalto como um adversário.

O esforço de Bolsonaro para desqualificar o sistema eleitoral brasileiro é mais uma demonstração de semelhança entre ele e o presidente americano, Donald Trump, que atribui a fraudes sua derrota para Joe Biden nas eleições do início do mês. Nenhum dos dois governantes, porém, apresentou indícios ou provas para sustentar essas alegações.

Correio Braziliense