Comando Vermelho toma Manaus em meio a onda de assassinatos

Imagem  Ueslei Marcelino / Reuters

“Vermelhou, mano.” A mensagem de áudio difundida a partir do maior presídio de Manaus e um foguetório ouvido em quase toda a cidade na segunda-feira (10) anunciaram a sangrenta tomada da capital do Amazonas pela facção carioca Comando Vermelho (CV).

Para arrebatar Manaus da antiga aliada Família do Norte (FDN), o CV protagoniza uma onda de violência na cidade, palco de sucessivos confrontos entre facções desde 2017. Em janeiro, foram 106 assassinatos, 54% a mais do que no mesmo período do ano passado, segundo números oficiais.

Nos presídios de Manaus, onde ocorreram dois grandes massacres em três anos, houve conversões em massa da FDN para o CV nos últimos dias. Na UPP (Unidade Prisional do Puraquequara), um “batidão de grades”, gravado em celular, anunciou a tomada de controle da facção de origem carioca. 

No Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), um preso foi morto na segunda-feira (10). Nesse dia, áudio de um detento alertando para uma possível invasão policial mobilizou dezenas de parentes para a entrada do presídio. 

Eles passaram a madrugada em vigília no presídio onde ocorreu a maior parte das mortes de janeiro de 2017 e de maio do ano passado, em um total de 122 assassinatos. Segundo o governo, houve apenas uma inspeção de rotina.

Em resposta à violência, o Amazonas instaurou um gabinete de crise na segunda-feira. O discurso oficial do governo estadual é de que a briga entre as facções é decorrência do aumento das apreensões de drogas pela polícia estadual. O policiamento nas ruas de Manaus foi reforçado.

“Conto com a imprensa para divulgações positivas  do sistema de segurança. Vamos combater a ‘fake news’, que só atrapalha o serviço da polícia”, disse o secretário-executivo da Secretaria da Segurança Pública, o coronel da PM Anézio Brito de Paiva, em entrevista coletiva sobre o gabinete. 

O banho de sangue ocorre pouco depois da inauguração, pelo ministro Sérgio Moro, do Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública Regional Norte (CIISPR-N) em Manaus, em 13 de dezembro. O foco é o combate ao crime organizado por meio da coleta e análise de inteligência. 

Em reunião com Moro na terça-feira, o governador Wilson Lima (PSC) recusou as ofertas de envio da Força Nacional para Manaus e de transferência de presos para fora do Amazonas.

Notícias ao Minuto/Folhapress