Nordeste tem maior taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência
jul
07
2023
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (7/7), escancaram a desiguldade de acesso a educação entre as pessoas com deficiência (PCDs).
No Brasil, há uma população com deficiência estimada em 18,6 milhões de pessoas de dois anos ou mais. Segundo o IBGE, apenas uma em cada quatro PCDs concluiu o ensino básico obrigatório. A taxa de analfabetismo nesse público é de 19,5%, sendo o Nordeste a região que apresenta o maior índice do país, com 31,2% — maior que a média nacional.
A região com menor taxa foi o Sul, com 12,7%. No recorte das pessoas de 25 anos ou mais, 63,3% têm ensino fundamental incompleto. Considerando os recortes de gênero e raça entre as pessoas com deficiência que concluíram o ensino básico obrigatório, o índice é maior em mulheres e brancas (26,5% e 29,7%, respectivamente). A pesquisa também quantificou o atraso escolar: para o grupo 6 a 14 anos com deficiência, 89,3% frequentavam o ensino fundamental, contra 93,9% entre os sem deficiência.
Enquanto apenas 25,6% das pessoas com deficiência tinham concluído o Ensino Médio, mais da metade das pessoas sem deficiência (57,3%) tinham esse nível de instrução. Já no nível superior, 14,3% dos jovens de 18 a 24 anos com deficiência estão nas universidades, contra 25,5% dos sem deficiência.
Em relação ao descompasso na idade-etapa de ensino, 54,4% dos jovens de 15 a 17 anos com deficiência frequentavam o ensino médio, frente a 70,3% dos jovens sem deficiência. No grupo de 18 a 24 anos, 14,3% dos PCDs estavam no ensino superior, contra 25,5% dos sem deficiência.
Segundo a analista da PNAD Contínua, Maíra Bonna Lenzi, esses dados apontam para a necessidade de observar o que afasta crianças, adolescentes e jovens com deficiência dos espaços de educação e desenvolver políticas para assegurar condições de ensino. “Esse indicador é muito importante para ajudar a entender por que muitas crianças com deficiência estão fora da escola. Nós temos, por exemplo, a Lei Brasileira de Inclusão, que garante que toda a criança tenha recursos de acessibilidade para potencializar ao máximo o seu desenvolvimento e habilidades amenizando a barreiras. Então, é interessante investigar o que falta para dar oportunidade para essas crianças e esses jovens”, pontua.