Primeiro debate do RN foi marcado por ataques a Fátima, a reza da candidata bolsonarista e a negação de Fábio Dantas a Robinson Faria

Fraco.

Um debate opaco, com uma governadora alvo de quatro candidatos que foram ao estúdio da Band sem ter o que mostrar, mas preparados para atacá-la.

A percepção do grupo de qualitativa que acompanhou o debate – formado por pessoas escolhidas por um instituto de pesquisa em vários pontos da capital e de cidades onde puderam assistir, ou pelas retransmissoras (Sidys em Currais Novos e TCM em Mossoró) ou pelo youtube, foi exatamente essa: de que os candidatos só atacaram e não disseram a que vieram.

O apurado da percepção do grupo foi de que o debate, sem vencedores, foi favorável à governadora Fátima Bezerra. Pelo índice de ataques a ela destinados. O tiro no pé.

Mas, cada um tem o direito de dizer que ganhou, e de ver a “sua vitória” repercutida entre seus grupos de apoiadores.

Outro ponto que marcou o primeiro debate entre os candidatos do Rio Grande do Norte foi o “Pai Nosso” rezado pela candidata bolsonarista Clorisa Linhares, ao encerrar sua participação.

Com todo respeito pela oração e pela fé da candidata, mas a hora e o lugar eram impróprios. Já basta o bolsonarismo terrivelmente evangélico usando o nome de Deus em vão.

No grupo da qualitativa, formado por pessoas diferentes a cada dia pesquisado, uma pessoa até elogiou Clorisa, mas a maioria entendeu que faltou discurso à candidata em suas considerações finais, e ela, além de mandar beijo para a neta Luna Sofia, rezou o Pai Nosso.

Quem deve ter terminado o debate bem irritado foi o ex-governador Robinson Faria.

E olhe que a governadora Fátima Bezerra nem falou tanto sobre as folhas salariais em atraso deixadas pelo governo dele e que ela teve que pagar, ressaltando que, em valores, pagou o mesmo que “5 pontes daquela que Wilma construiu”.

O tiro na testa de Robinson Faria foi disparado pelo candidato Fábio Dantas, seu vice-governador, e hoje seu amigo verdadeiro, como tem postado nas redes.

Fábio negou Robinson durante todo o debate e chegou a dizer que nem foi vice dele.

“Não fui vice de Robinson. Fui vice do Rio Grande do Norte”, disse Fábio, que seguiu vice, com as benesses que o cargo oferece, até o final da gestão.

Aliás, Fábio se assemelhou a Robinson no seu discurso das considerações finais, quando quase repetiu o chavão do ex-governador em 2014, quando dizia que iria governar para as pessoas e para as cidades. Se brincar o texto era o mesmo.

Ao mesmo tempo que negou ter governado o estado, mesmo sendo vice, Fábio quis dizer que Fátima participou dos 3 últimos governos indicando secretarias.

Um discurso contraditório e esquisito, que diz que vice não apita em nada, mas aliado que indica cargo governa junto. Se perdeu aí.

Ah, o senador Styvenson repetiu o que já havia dito. Não vai participar dos programas eleitorais e nem usar a verba eleitoral. Mas certamente o Podemos, seu partido, com candidatos a senador e deputados, irá usar.

Até porque terminou no dia 1º de junho o prazo para encaminhar ao TSE documento abrindo mão, tanto dos recursos quanto do tempo de TV.

Styvenson fará seu marketing nas redes sociais. E já começou postando que ele venceu o debate.

Lá no primeiro bloco Fátima perguntou o que ele achava dos programas sociais do seu governo para combater a violência contra mulheres e ele respondeu dizendo que já pediu desculpas. Fátima rebateu afirmando que ele estaria vestindo carapuça já que ela não havia lhe acusado de nada.

Styvenson se referia, mesmo sem ter dito, às lives onde em uma ele atacou a deputada Joice Hasselmann, dizendo que ela deveria estar drogada quando sofreu violência em casa, e em outro caso, quando diz que uma mulher havia levado “uns tapas bons” do companheiro que a agrediu.

Para justificar, disse no debate que mulher também comete crimes.

O candidato Danniel Moraes (PSOL) reforçou suas críticas ao presidente Bolsonaro, sempre que ficava frente à frente ou com Clorisa ou com Fábio Dantas. E diante de Fábio disse que ele como governador não teve coragem de rescindir o contrato do Estado com a Arena das Dunas, em que o governo paga 11 milhões por mês. Fábio voltou a negar que tenha governado o Rio Grande do Norte mesmo tendo sido vice.

Nas redes sociais os internautas não paravam de lembrar a participação de Fábio como parte da gestão Robinson Faria, confirmando que de 20 de fevereiro a 3 de março de 2017, durante uma viagem de Robinson à China, Fábio governou o Rio Grande do Norte e até encaminhou mensagens do executivo para aprovação da Assembleia Legislativa.

Fátima foi criticada por Fábio por não ter construído hospital de campanha na pandemia. Ela explicou que se tivesse construído, hoje ele estaria fechado, mas a decisão de fortalecer o SUS, equipando hospitais pelo interior, mostrou que foi a decisão mais acertada, já que a maioria das unidades de saúde que recebeu melhorias, permanece até hoje com as melhorias.

Lembrando que o hospital de campanha construído em Natal foi desativado, sem deixar legado em nenhuma unidade de saúde do município.

Parece não ter convencido os internautas o discurso do senador Styvenson de que ele não é bolsonarista. Para o eleitor que acompanhou o debate e vai seguir acompanhando a campanha, pelo menos dos 5 candidatos que foram ao estúdio da Band RN, 3 eram bolsonaristas: Fábio Dantas, Clorisa Linhares e Styvenson Valentim. Fátima do PT de Lula e Danniel do PSOL, apoiam a candidatura de Lula.

Clorisa foi a defensora fiel de Bolsonaro, ao ponto de, ao ser questionada por mais de 600 mil moryes, dizer que a covid surgiu na China e que não era papel de Bolsonaro acabar.

Um debate frio, apesar do formato interessante, sem aquela chatice de perguntas escritas em papéis sorteados com temas pré-definidos. Mas frio pelo conjunto da obra.

A campanha está só começando, e quem tiver o que apresentar e não tiver rabo preso com nada, vai virando peça vencedora no jogo do ‘resta um’.

FONTE: thaisagalvao.com.br