Reforço na defesa sinaliza o desespero de Lula

Josias de Souza
Ninguém disse ainda, talvez por pena, mas a entrada de Sepúlveda Pertence, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, na equipe de defensores de Lula sinaliza desespero e arrependimento. A providência revela desespero porque o novo defensor entra em campo num instante em que Lula perde de goleada nos tribunais. Indica arrependimento porque, comparado ao estilo Pit Bull dos atuais defensores de Lula, Sepúlveda Pertence exibe a ferocidade de um Poodle.

Houve claramente uma intervenção no time de defensores do condenado petista. Até aqui, os advogados de Lula estavam acorrentados a duas linhas de ação. Numa, apresentavam o réu como vítima de perseguição política. Noutra, desqualificavam Sergio Moro. Liderada por Cristiano Zanin, a defesa transformou Lula num réu indefeso. Para qualquer acusação, o lero-lero dos advogados era sempre o mesmo: perseguição política.

É grande o desafio de Sepúlveda Pertence: sem passar uma borracha na retórica da perseguição política, ele terá de acomodar sobre os processos meio quilo de argumentos técnicos. Suas duas prioridades são: livrar Lula da cadeia e salvar sua candidatura presidencial. Bons advogados conhecem a jurisprudência. No Brasil, advogados extraordinários conhecem também os juízes. O novo defensor de Lula é amigo da nata dos tribunais superiores de Brasília. Mas, a essa altura, devolver a Lula aquela aparência imaculada de “alma mais honesta desse país” tornou-se uma missão impossível.