VÍTIMAS DO VITIMISMO

flavio-flavioPor Dr. Flávio Sami
Ser, ou melhor, parecer ser uma vítima na melancólica política partidária camarense, pode até ser vantajoso àqueles que se acham muito espertos. Uma pessoa que é vítima de algo, de uma forma ou de outra, acaba sendo poupada das críticas dos outros e conta com a compaixão e a compreensão de muitas pessoas, independente do que façam. E ai daqueles que questionarem suas condutas! O sujeito pode até ser compreendido como insensível, invejoso, despeitado e por ai vai…

Na verdade, a vitimização é, em muitos casos, uma estratégia que permite criar uma espécie de imunidade que faz parecer que tudo o que a suposta vítima diga ou faça é verdadeiro. Trata-se do vitimismo calculado, que consciente ou inconsciente, busca através da chantagem emocional obter proveito pessoal.

Uma coisa é certa: a vítima real exige nossa atenção, cuidados e apoio. A pessoa necessita dessa dedicação e compreensão para sair do seu estado de choque e vulnerabilidade. E isso nem se discute!
Lado outro, temos a vitimização existencial. É quando o sujeito faz uso de um acontecimento traumático convertido em uma espécie de carteirinha de identidade eterna ou recurso disponível sempre a sensibilizar os “pobres” de bom coração. A pessoa usa a sua condição de “vítima”, não porque foi alvo de algum complô, conspiração, acidente, traição, conluio ou perseguição, mas para ganhar privilégios que de outra forma não conseguiria.

Fingir, mentir, distorcer, contar meias verdades e negar, custe o que custar, aquilo que todo mundo já sabe, mas que ainda teimam em não admitir. Bondade fingida e dissimulada; sofrimento explorado como uma espécie de currículo, cuidadosamente apresentado visando conquistar a piedade das pessoas, em especial, dos cobiçados eleitores em época de campanha eleitoral.

Aliás, pena mesmo devemos ter é do povo, que por ser vítima de suas próprias escolhas, sofrem e amargam as mazelas sociais não combatidas por políticos que fingem ser, o que em suas essências, não são. Esses mesmos, que na maioria das vezes, se rendem aos caprichos do poder e da corrupção, porta de entrada para tantos outros malfeitos que tanto nos deixam indignados.

Portanto, muito cuidado com os sensacionalistas que fazem da política uma plataforma de sucessivas demonstrações de “ingratidão”, sempre concatenadas a “simulações permanentes”, sinônimo de mentiras e falsas versões, repetidas e propagadas, com a finalidade de parecerem verdadeiras e justificarem atitudes e comportamentos.