Vigência de decreto acaba amanhã e RN tem apenas 5,24% dos leitos críticos de Covid-19 disponíveis

A retomada das atividades econômicas no Rio Grande do Norte está condicionada à melhoria na situação das ocupações de leitos críticos para o tratamento da Covid-19 no estado, conforme determinou o mais recente decreto governamental tratando acerca das medidas de distanciamento social no estado. Porém, na manhã desta segunda-feira (15), somente 5,24% dos leitos estavam disponíveis, de acordo com dados do Regula RN. A marca está longe da meta traçada pelo Executivo.

Pelo decreto publicado no dia 5 de junho, que deixou mais rígidas as normas do distanciamento social no estado, a retomada das atividades econômicas começaria a ocorrer de maneira programada a partir da quarta-feira (17), desde que houvesse maior disponibilidade de leitos.

Segundo o decreto, “é condição essencial para a implementação inicial do plano de retomada gradual responsável das atividades econômicas no Rio Grande do Norte que exista desaceleração da taxa de transmissibilidade da Covid-19 de maneira sustentada e a ocupação dos leitos públicos de UTI seja inferior a 70%”. Com isso, o estado precisaria ter pelo menos 30% dos leitos disponíveis.

A curva de pessoas contagiadas pelo novo coronavírus segue crescendo, enquanto os leitos de UTI criados não foram suficientes para reduzir o percentual de ocupação. Em todo o Rio Grande do Norte, de acordo com o Regula RN, às 7h20 desta segunda-feira havia somente 11 leitos críticos disponíveis para atender os pacientes, além de 170 ocupados e 29 bloqueados.

Pelos dados apresentados, a região Oeste está com 100% de ocupação, a região Metropolitana de Natal tem 99% e o Seridó está com 63%. O Hospital Regional Telecila Freitas Fontes, em Caicó, estava com 10 dos 27 leitos disponíveis, enquanto o hospital da Polícia Militar, em Natal, tinha um leito disponível.

O Governo do Estado ainda não se manifestou sobre o que trará o novo decreto que será publicado nesta semana.

Economia

A previsão anterior do Executivo era de que, caso esse índice fosse alcançado, haveria um cronograma de reabertura das atividades dividido em quatro fases subsequentes, cada uma com 14 dias. Caso a reabertura comece mesmo dia 17 de junho, a liberação total levará 56 dias se tudo correr como o previsto. Ou seja, a reabertura total só será concluída dia 11 de agosto, caso o RN consiga cumprir as metas estabelecidas.

Pelo cronograma, primeiro serão retomadas as atividades “as atividades que tenham maior capacidade de controle de protocolos, que gerem pouca aglomeração e que se encontram economicamente em situação mais crítica”.

Já a “liberação do funcionamento de lojas, estabelecimentos comerciais e espaços de prestação de serviços está condicionada ao cumprimento de protocolos específicos segurança sanitária.”

Ficará a cargo dos responsáveis pelos estabelecimentos que serão reabertos a orientação e cobrança quando ao cumprimento dos protocolos específicos de segurança sanitária. “As atividades liberadas serão gerenciadas por um comitê de monitoramento específico a ser designado pela Governadora do Estado.”

Além disso, o decreto também prevê, em seu artigo 28, que “o cronograma de abertura gradual das atividades econômicas será instituído por ato conjunto do Secretário-Chefe do Gabinete Civil da Governadora do Estado, do Secretário de Estado da Saúde Pública e do Secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico.”

O decreto detalha que “para cada fase de abertura está previsto um bloco de atividades a serem progressivamente liberadas em frações de tempo distintas”.

Crise

Mais de três meses se passaram desde o primeiro caso confirmado do novo coronavírus no Rio Grande do Norte, na data de 12 de março. Segundo o secretário de Tributação do Estado, Carlos Eduardo Xavier, o Rio Grande do Norte não sustenta mais três meses de distanciamento social nos termos atuais. Para ele, o risco é um cenário dramático de desemprego.

“Eu não creio que o Rio Grande do Norte sustente mais três meses de isolamento social neste patamar [de medidas] que a gente tem hoje, muito por causa do impacto econômico”, declarou Xavier nesta sexta-feira, 12. Entretanto, ao contrário da sobrevivência econômica, a assistência hospitalar requer distanciamento social para não entrar em colapso. A Secretaria de Estado de Saúde Pública do RN (Sesap) abriu 345 leitos (críticos e clínicos) desde o início da pandemia, mas foram insuficientes para evitar a situação atual de ocupação máxima dos leitos. E abrir novos leitos nos próximos meses se torna cada vez mais difícil pela escassez de profissionais de saúde, avaliam especialistas do comitê técnico da secretaria.

Tribuna do Norte