Psicóloga aponta como racismo interfere em crianças e adolescentes negras
dez
07
2019
Recentes casos de racismo traz para o centro das discussões o seguinte questionamento: Como a sociedade brasileira lida com esse problema?
A psicóloga do Hapvida, Mariana Oliveira, ressalta que a sociedade ainda enfrenta muitos desafios na superação desse problema social, e, isso se deve a uma não reflexão do racismo enquanto um problema estrutural.
“A sociedade não lida como deveria. O racismo no Brasil é uma questão estrutural desde o processo de colonização. Assim, é importante reconhecer que existe o movimento de negação, de desconhecimento sobre história. Existe um movimento de negação que afasta até mesmo a identificação de que existe o problema. A juventude negra é a que mais ocupa as prisões, os subempregos e as taxas de homicídios. E muitas vezes esses dados ainda são tratados como se fosse uma infeliz coincidência”, assevera.
Ainda segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre o racismo no Brasil, apesar dos 87% dos entrevistados acreditarem que há racismo no Brasil, apenas 4% destes se reconhecem como racistas. Isso ainda aponta um dos principais obstáculos para a superação do preconceito racial. Dados estarrecedores da Cartilha de Óbitos por suicídio entre Adolescentes e Jovens Negros, lançada pelo Ministério da Saúde (MS), aponta que a cada 10 suicídios de jovens, 6 são negros. Segundo uma das especialistas responsável pela cartilha, esse dado é resultado do racismo estrutural que tem provocado sofrimento e adoecimento aos jovens e crianças negras.
“O racismo causa impactos danosos no ponto de vista psicológico e social de crianças e adolescentes. É nessa fase que o caráter vai sendo construído e as referências e juízo de valor são registrados no nosso consciente e no inconsciente. A criança aprende observando os adultos ao seu redor, ela pode aprender a discriminar e reproduzir no ambiente escolar entre outras crianças. A prática do racismo e da discriminação racial é uma violação de direitos e é um crime inafiançável, previsto em lei”, ressalta Mariana.
Para a superação desse problema, é fundamental trabalhar a autoestima entre as crianças e adolescentes, promover momentos de afeto, além da importância do resgate da história afro-brasileira.
Assis Silva
Jornalista – DRT 1652 – Começou na imprensa local através do jornal A Cidade, foi redator-noticiarista das rádios Baixa verde AM. Líder FM e TOP FM, editor e redator de vários jornais regionais e locais ao longo de 30 anos de profissão. Em 2007 criou o 1º blog da região campeão em acessos diários. Fone para contato: 84 9 9610 - 9977