O RN está perdendo a guerra contra o novo coronavírus

O quadro no Rio Grande do Norte em relação ao novo coronavírus é terrível. Os números de casos confirmados e óbitos seguem subindo e os gestores públicos titubeiam em tomar medidas mais duras.

Não é o caso aqui de culpar apenas a governadora Fátima Bezerra (PT) como muitos fazem movidos pelo antipetismo visceral. Ela tem como sócios nessa tragédia anunciada a companhia dos prefeitos e prefeitas potiguares.

Mas isso não justifica omitir a responsabilidade da população. Principalmente daqueles que tinham todas as condições de cumprir o isolamento social e seguiram com a vida normal.

Na medida em que os índices de isolamento social foram despencando os casos foram subindo no Estado. Resultado: ontem foram 26 óbitos confirmados e 900 novos casos.

O problema não deixa de ser nacional também. Ontem foram 1.349 novos óbitos registrados. A escalada do vírus segue à galope.

Alguns paspalhos ficam se iludindo com números sobre recuperados e curas milagrosas cuja discussão serve mais para confundir do que para conscientizar.

O fato é que 95% dos leitos no Rio Grande do Norte estão ocupados. Esses 5% de folga são generosos porque se tratam de leitos reservados para crianças e gestantes.

O colapso do que sempre esteve em colapso (o sistema de saúde) já bate a porta.

Enquanto isso, discutimos sobre o uso da cloroquina para pacientes acometidos por covid-19 como se fossemos cientistas. Enquanto isso, comerciantes cobram a retomada da economia como se as coisas estivessem melhorando quando na realidade só pioram. Perdemos um tempo danado em discussões políticas vazias provocadas pelas polêmicas causadas pelo presidente da república. Há uma parcela da sociedade que o exime de culpa e aplaudem um governante que deixa o país sem ministro da saúde titular em plena pandemia. Para essas pessoas não tem nada demais a indiferença de Jair Bolsonaro com as morte causadas pela covid-19. “E daí?”, né? “Todo mundo vai morrer mesmo”, né?

A governadora Fátima Bezerra com três meses de atraso decidiu chamar os prefeitos para fazer o que deveria ter sido feito no primeiro decreto: fazer uma intensa fiscalização.

Com medo do desgaste, os governantes de todo o país passaram a mão na cabeça da população. Aqui no Rio Grande do Norte não foi diferente. A situação de certas camadas da sociedade é muito cômoda: não contribui e se der errado (está dando) joga a culpa dos governantes.

Fala-se que hoje teremos um decreto que vai intensificar as fiscalizações numa parceria entre Governo do Estado e Municípios. Antes tarde do que nunca, mas também se especula que o comércio será retomado no dia 17.

Prometer isso é um risco para a credibilidade do Governo do Estado. Tratar desse assunto enquanto as curvas dos casos confirmados e óbitos sobem é no mínimo temerário.

Estamos perdendo a guerra e o jogo só vai virar quando a sociedade acordar. Para isso acontecer os governantes precisam endurecer porque a ficha do povo só vai cair quando tivermos corpos empilhados nas calçadas.

Blog do Barreto