Especialistas derrubam tese do prefeito de Natal que atribui queda nos índices de covid-19 a medicamento

Um estudo elaborados por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) apresentou ao Blog do Barreto dados científicos que derrubam a tese levantada pelo prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) de que a redução de casos de covid-19 se deve ao uso maciço de ivermectina na capital.

Primeiramente, o professor reforça que os estudos realizados apontam que o medicamento não tem qualquer eficácia no tratamento da covid-19. “A  Ivermectina não tem comprovação invivo.  E mesmo que tivesse hipoteticamente algum efeito, seria fácil comprovar sua eficácia antes da vacina, mas, no entanto, nenhum laboratório do mundo conseguiu, nem se interessou. Seria MUITO fácil, atualmente, verificar efetividade por um estudo caso-controle de positivos e óbitos tendo tomado ou não a ivermectina”, explica o documento.

O professor que vem se dedicando a acompanhar o desenvolvimento da pandemia no Rio Grande do Norte explica que os números em Natal mostram a não influência da ivermectina na redução dos casos confirmados e óbitos causados por covid-19:

“Mesmo não funcionando, se funcionasse por hipótese  teria aumentado muito o número de recuperados (curados). No RN, estes são equivalentes a outros estados. Teríamos uma explosão de curados em Natal onde foi distribuída a ivermectina, por exemplo.  NATAL não tem mais recuperados que outros lugares.  Logo, a epidemia segue sua estatística típica. Matou menos no RN porque os “susceptíveis” estavam guardados em casa (junte-se a isso as escolas paradas  etc). O isolamento foi  em média sempre maior que 30% da população e muitas redes de contágio foram retiradas, desfeitas até 29 de Junho de 2020”.

O estudo ainda mostra objetivamente que se tivesse algum efeito a ivermectina teria efeito contrário. É que a mortalidade por 100.000 em 04 de Julho em Natal era de 57,2  e RN 34,22.  Em 14 de Julho em Natal era  69 e RN 41,15.  Em 25/07 Natal tinha 80 mortes por 100.000 e o RN 47,68.

Trocando em miúdos a melhoria nos números se deu por causa do isolamento social ainda que este não tenha sido o esperado pelas autoridades.

O estudo é assinado pelos professoes Dr. José Dias do Nascimento (Física — UFRN); Dr. Ion Andráde (DSC-UFRN), Dra Marise Freitas DINF-UFRN, Dr. César Rennó-Costa (IMD-UFRN); Ms.C. Leandro Almeida (Física — UFRN); Dr. Renan Cipriano Moioli (IMD — UFRN).

Fonte: Blog do Barreto