Comissão vai propor banco de armazenamento de células-tronco para Natal

A Comissão dos Direitos Humanos da Câmara Municipal de Natal vai propor dois Projetos de Lei para a criação de um banco de armazenamento de células-tronco e uma campanha de divulgação para doação desse material que é capaz de curar crianças com doenças hematológicas, como a leucemia. A importância da coleta, transporte e crioconservação foi tema da reunião da comissão nesta sexta-feira (6), isso porque a coleta já é feita de forma voluntária em Natal, mas não tem alcance maior porque falta logística para encaminhar esse material ao Ceará, onde fica armazenado.

“Tratamos esta temática porque precisamos fazer com que a população conheça melhor como esse trabalho pode salvar vidas”, disse o vereador Maurício Gurgel (PSOL), que coordenou a reunião. A comissão vai instituir um grupo de trabalho intersetorial para continuar debatendo o assunto. “E vamos apresentar dois projetos de lei para instituir no município um banco de armazenamento e uma campanha de divulgação e sensibilização para doação do cordão umbilical, onde ficam as células-tronco”, anunciou a vereadora Divaneide Basílio (PT).

Gustavo Oliveira, médico bioquímico do laboratório de hematologia do Hemonorte, é responsável por realizar o trabalho de coleta das células-tronco do cordão umbilical, mas tudo acontece de forma voluntária. O material é encaminhado para o Hemocentro do Ceará onde fica armazenado. Ele diz que se esse trabalho fosse institucionalizado, de modo a garantir o transporte ou mesmo o armazenamento no estado, mais pessoas, especialmente crianças, poderiam ser salvas. “Aqui não temos um centro para a crioconservação dessas células-tronco e, para que possa beneficiar mais pacientes, precisa da organização de vários setores, institucionalizando esse fluxo na rede e dando acesso a mais pacientes, já que hoje está por conta do paciente que nos procura”, explicou o bioquímico.

A supervisora da enfermaria de alto risco da Maternidade Escola Januário Cicco, Patrícia Costa, disse que a maternidade se propõe a integrar essa rede. “Inicialmente podemos fazer essas coleta guiada, mas pensar em expandir num segundo momento para um banco  local, para que todas as pacientes possam ser doadoras. A maternidade vai ser um posto de coleta e o material será tratado no Hemonorte”, declarou a médica.

Já a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) reconheceu a falta de logística, mas garante que é possível criar essa rede. “A Sesap tem todo interesse na participação e apoio, já que o tratamento do material é realizado pelo Hemonorte, um serviço do Estado. Só precisamos discutir a melhor forma de encaminhar esse material. Temos condições de discutir e promover melhorias nesse processo”, afirmou o médico geneticista da secretaria, João Nery.