Autônomos usam aplicativos para driblar crise financeira no RN

Nem só de grupos, influenciadores e jogos vivem os aplicativos. Com a queda do número de vagas formais no mercado de trabalho, as pessoas vem buscando novas fontes de renda, alternativas fora do mercado formal para vender seus produtos e serviços, e os aplicativos vem sendo uma delas. Pelas plataformas, muitos conseguem divulgar seu trabalho e, pelos próprios aplicativos, gerenciam as relações com clientes, inventário de produtos, vendas e entregas.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, relativa ao 4o trimestre de 2017, 50,7% dos potiguares utilizavam a internet somente por telefone celular, superando o número de acessos por meio de computadores e tablets (47,9%), o que revela o potencial de crescimento dos aplicativos no Estado para geração de trabalho e serviços.

Se, por um lado, as novas plataformas propiciam um espaço para que as pessoas possam obter uma nova fonte de renda, além de fomentar o mercado da tecnologia da informação criando novas oportunidades, por outro, geram também questões inerentes ao século XXI, sobre transformação das relações de trabalho, qualidade de vida e saúde.

No novo modelo, o cliente passa a ter um papel mais ativo, no qual a sua avaliação pode interferir diretamente na continuidade do serviço oferecido. Reduzem-se, também, a necessidade de espaços físicos, e o trabalhador tem mais autonomia sobre seu processo produtivo e horários de trabalho, além da forma como são administrados os lucros e rendimentos obtidos pelo serviço prestado.

Para isso, no entanto, muitos abrem mão de direitos garantidos pela CLT: 13o, férias e, em muitos casos, para manter uma renda mínima, até mesmo fins de semana. Contribuições para aposentadoria também ficam de fora para muitos. O fenômeno já tem nome, e está sendo estudado por áreas que vão do direito às ciências sociais: “uberização do trabalho”.

No Brasil, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva, 5,5 milhões de profissionais estão cadastrados nas plataformas do Uber, 99, Cabify e IFood, todos aplicativos relacionados ao transporte de passageiros ou entregas. Na Região Metropolitana de Natal, somente a plataforma Uber, há dois anos e meio no Estado, tem cerca de 11 mil motoristas cadastrados. O dado é da Cooperativa de Motoristas de Aplicativo de Mobilidade Urbana (Compar/RN).

Tribuna do Norte