Sete partidos de oposição apresentam pedido de impeachment de Bolsonaro

Representantes de partidos entregaram o pedido na Câmara dos Deputados – (Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados)

Sete partidos de oposição — PT, PCdoB, PSOL, PCB, PCO, PSTU e UP — e mais de 400 entidades da sociedade civil e juristas deram entrada, nesta quinta-feira (21), na Câmara do Deputados, no 39º pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

Os outros pedidos não tinham uma lista de adesão tão extensa e alguns também são de líderes de outros partidos, como PSB e Rede. Efetivamente, 35 pedidos devem ser analisados pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), porque três foram inabilitados e outro arquivado.

Mais de 50 advogados encabeçam a lista de apoio do novo pedido, em um documento de 105 páginas que pede o impeachment com base em três acusações: apoio a manifestações antidemocráticas; interferência na Polícia Federal para benefício próprio; e atuação contrária às diretrizes sanitárias de combate ao novo coronavírus. Ao final, são listadas oito testemunhas; entre elas, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. Moro afirmou que o presidente quis interferir na Polícia Federal para obter dados específicos.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não quis comentar o pedido: “É direito de qualquer cidadão apresentar um pedido de impeachment. Eu sou o presidente da Câmara, que defiro ou indefiro um pedido de impeachment, e preciso preservar para que não pareça que eu tenho posição tomada sobre o assunto’’, disse.

Motivos

Os requerentes descrevem várias situações em que o presidente teria participado de manifestações antidemocráticas, como a realizada no dia 15 de março em Brasília. São anexados compartilhamentos de Bolsonaro nas redes sociais e fotos. Sobre o combate à pandemia, um dos estudos citados, da Fundação Getúlio Vargas, aponta que o discurso de Bolsonaro contrário ao isolamento horizontal teve efeito direto na queda dos índices de isolamento em cidades com eleitorado mais favorável ao governo.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que Bolsonaro é incapaz: “Consideramos que Jair Bolsonaro é um homem incapaz. Administrativamente, politicamente, e também não tem condições humanas de presidir o País. Não consegue se colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro. Além disso, briga com todo mundo o tempo inteiro. Briga com os governadores, briga com os prefeitos, briga com os médicos, com os cientistas. Não consegue ter uma coordenação para atravessar uma das maiores crises que o Brasil atravessou“.

Guilherme Boulos, coordenador da Frente Povo Sem Medo, disse que a atuação do presidente na crise sanitária é apenas a face mais dramática da situação: “Quer fechar o Congresso, fechar o Supremo. Isso é crime. Crime contra a ordem democrática. Apologia à ditadura. Sem falar aqui dos crimes que foram denunciados pelo seu próprio cúmplice, ou ex-cúmplice Sérgio Moro“.