Quase 2 mil caminhoneiros se mobilizam em grupos de WhatsApp por paralisação
jul
20
2019
Quase 2 mil caminhoneiros estão em, no mínimo, 15 novos
grupos do WhatsApp recém-criados para discutir uma possível paralisação da
categoria na segunda (22).
Eles estão contrariados com a resolução da ANTT (Agência
Nacional de Transportes Terrestres) que estipulou a nova tabela de preços
mínimos do frete rodoviário, divulgada na quinta (18), com valores abaixo dos
esperados. A realização da paralisação não é consenso entre os participantes.
Parte dos grupos é refratária à ideia por conta da dificuldade financeira que
teriam com os dias sem trabalhar.
Os administradores dos novos grupos negam ser
articuladores do movimento, ao mesmo tempo em que algumas lideranças que
tomaram a dianteira durante a paralisação de 2018 não estão em nenhum deles. O
nome dos grupos segue sempre o mesmo formato, com o título formado por
paralisação, a data de 22/07 e a abreviação do nome de um estado.
Apesar serem vinculados a um estado, a maior parte deles
é formada por pessoas de regiões diferentes da indicada. Eles trazem em suas
descrições o mesmo texto: “Publicações fora do contexto das pautas dos
caminhoneiros não serão aceitas. FOCO NA MISSÃO!” Nesses grupos, há desde
convocações para greve, com críticas ao presidente Jair Bolsonaro, por vezes
chamado de traidor, até alguns vídeos cômicos e imagens eróticas. Os
caminhoneiros emitem suas opiniões também em áudio ou vídeos nos quais
discursam enquanto são filmados pela câmera frontal de seu telefone.
Foram disparados avisos sobre o risco de uma ação de
contra-inteligência estar sendo realizada dentro dos grupos, com membros do
governo se passando por caminhoneiros. Parte dos trabalhadores se diz
intervencionista, defendendo um regime militar. A rotatividade dos grupos é
alta. São muitos os avisos de pessoas que entraram usando um link compartilhado
por outra pessoa no WhatsApp e outros de pessoas que decidiram sair.
Também circulam ali convites para entrar em grupos do
gênero, de estados diferentes. A reportagem localizou queixas de caminhoneiros
em relação à falta de liderança dos grupos, o que dificultaria a paralisação de
segunda. Há administradores em comum entre eles. Porém, quando contatados, eles
disseram não ser líderes e se negaram a dizer se havia uma liderança que
articulasse a criação dos grupos.
Assis Silva
Jornalista – DRT 1652 – Começou na imprensa local através do jornal A Cidade, foi redator-noticiarista das rádios Baixa verde AM. Líder FM e TOP FM, editor e redator de vários jornais regionais e locais ao longo de 30 anos de profissão. Em 2007 criou o 1º blog da região campeão em acessos diários. Fone para contato: 84 9 9610 - 9977