Pacientes de 43% das cidades do Ceará viajam a outro município para obter serviços de saúde

Dos 184 municípios do Ceará, 80 encaminham pacientes da atenção básica para a realização de exames médicos em outras cidades. Os dados são da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE). Em termos percentuais, 43% dos municípios realizam o intercâmbio.

Além disso, 74 cidades – ou 40% do total – enviam pacientes para internação em outras localidades. A maioria desses municípios (44%) tem pacientes encaminhados por equipes de Saúde da Família, e 41% por setores específicos das secretarias municipais de saúde.

Esse é o caso de Maria Alves, que desde o ano passado percorre, mensalmente, 720 km – ida e volta – entre Iguatu, no Centro-Sul do Ceará, e Fortaleza. Por conta de um tratamento na tireoide, ela foi encaminhada pelo sistema de saúde público da própria cidade para atendimento no Hospital Universitário Walter Cantídio (Huwc).

Segundo a filha dela, Gleidivan Nogueira, após as marcações de consultas e exames, era preciso esperar pela confirmação de uma vaga no carro fornecido pelo Município.

“Quando não dava certo, a gente tinha que ir de ônibus mesmo. Geralmente, a gente saía 23h e chegava de manhãzinha”, conta. Os gastos extras pesavam no orçamento: R$ 280 por mês. Para Gleidivan, o mais viável seria o atendimento na região do Cariri, mais próxima de Iguatu; contudo, ela lamenta a “rede de saúde menor” por lá.

Segundo o IBGE, em relação aos serviços de emergência, 35,3% dos municípios cearenses (65 cidades) fazem o transporte ou o referenciamento de pacientes para unidades de saúde pública de outros municípios; e 10,9% (20 cidades), a serviços privados conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Tais deslocamentos impactam nos serviços ofertados em Fortaleza. De acordo com a Plataforma IntegraSUS, em setembro, 32,4% dos pacientes que tiveram permanência superior a 24 horas na emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) viajavam de outras cidades para a capital cearense. A maioria vinha da Região Metropolitana, do Maciço de Baturité e do Vale do Jaguaribe.

Do G1 CE