No cargo há menos de um mês, Teich está cada vez mais desacreditado

Dia após dia, centenas de brasileiros infectados pelo novo coronavírus entram para a lista de mortos divulgada pelo Ministério da Saúde. Ontem, foram mais 749 óbitos, contabilizando 13.149 vidas perdidas pela covid-19. O número de casos confirmados da doença no país saltou de 177.589 para 188.974 entre terça e quarta-feira, um recorde de 11.385 novos registros em 24 horas.

A multiplicação de vítimas não parece ser motivo suficiente para acelerar a liberação das diretrizes da União que auxiliam estados e municípios nas tomadas de decisões frente à pandemia. Mais uma vez, o ministro da Saúde, Nelson Teich, adiou a apresentação do posicionamento, primeiro compromisso que fez ao assumir a pasta, ainda no discurso inicial, há quase um mês. Ao se distanciar de uma solução, Teich traz à pauta o isolamento apenas para a própria imagem.

A dificuldade de entrosamento do ministro reverbera dentro da própria pasta e no Palácio do Planalto. Questionado se faltava alinhamento com seu novo ministro da saúde quanto ao isolamento vertical, Bolsonaro disse: “No meu entender, desde o começo, devia ser o vertical. Cuidar das pessoas do grupo de risco e botar o povo pra trabalhar”.

O presidente afirmou esperar “eficácia na ponta da linha”, referindo-se ao ministro. “Não é gostar ou não do ministro Teich, tá? É o que está acontecendo. Nós estamos tendo aí centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usá-la?”, disse, ontem, ao ser questionado sobre uma declaração do chefe da pasta de Saúde sobre os riscos da substância.

A falta de diálogo de Nelson Teich também tem gerado constantes conflitos nas reuniões junto ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Ontem, a reunião com as representações dos municípios foi interrompida sem solução e as discussões só devem ser retomadas hoje, sem saber se haverá resultado. “Desde o último sábado, a estratégia tem sido debatida com os conselhos dos secretários de saúde estaduais e municipais, o Conass e o Conasems. O objetivo era ter um plano construído em consenso. No entanto, esse entendimento não foi obtido nas reuniões conduzidas até o momento”, disse a nota divulgada pelo ministério.

Correio Braziliense