Não há luzes à vista, mas o céu noturno tem um brilho amarelo tênue, porque a Amazônia está em chamas.
O cheiro é de churrasco, de brasas de madeira queimando.
Durante o dia, o sol, normalmente tão intenso nestas partes, é ofuscado pela
fumaça cinza densa.
Nos últimos sete dias, a Reuters percorreu diversas vezes
um trecho de 30 quilômetros de Humaitá a Labrea, ao longo da Rodovia
Transamazônica, e viu um incêndio abrir caminho pela floresta.
Inicialmente, na quarta-feira da semana passada, o incêndio arrasador estava a alguns metros da rodovia, e suas chamas amarelas devoravam árvores e iluminavam o céu. Ao chegar o final de semana, o incêndio havia recuado, mas ainda emitia um brilho laranja
O incêndio é só um dos milhares que dizimam atualmente a
Amazônia, a maior floresta tropical do mundo e um marco da defesa contra a
mudança climática.
A agência governamental computou 72.843 incêndios, o
número mais alto desde que os registros começaram, em 2013. Mais de 9.500 foram
flagrados por satélites só no período transcorrido desde a quinta-feira
passada.
Na quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ)
enfureceu ambientalistas com alegações, sem provas, de que organizações
não-governamentais estão por trás dos incêndios em reação a corte de
financiamento.
A revolta global agitou as redes sociais, e a hashtag
#PrayforAmazonas foi o principal tópico do mundo no Twitter na quarta-feira.
A Reuters observou colunas de fumaça emanando da floresta
e chegando a dezenas de metros de altura durante uma viagem de final de semana
ao sul do Amazonas e ao norte de Rondônia.
“Tudo que você vê é fumaça”, disse Thiago
Parintintin, de 22 anos, que mora em uma reserva indígena a pouca distância da
Transamazônica, apontando para o horizonte.
Um caminhão amarelo com o logotipo dos bombeiros
encarregados de combater incêndios florestais acabava de
passar.
Parintintin culpa o desenvolvimento crescente da Amazônia
pela chegada da agricultura e do desmatamento, que resultam na elevação das
temperaturas durante a estação seca.
Do céu, os incêndios variam de pequenos focos a
conflagrações maiores do que um campo de futebol. Às vezes, a fumaça é tão
espessa que a própria floresta parece ter desaparecido.
Assis Silva
Jornalista – DRT 1652 – Começou na imprensa local através do jornal A Cidade, foi redator-noticiarista das rádios Baixa verde AM. Líder FM e TOP FM, editor e redator de vários jornais regionais e locais ao longo de 30 anos de profissão. Em 2007 criou o 1º blog da região campeão em acessos diários. Fone para contato: 84 9 9610 - 9977