Covid-19 avança e ameaça comunidades castigadas pela pobreza

Comunidades pobres dos morros do Rio de Janeiro temem a Covid-19Foto: AFP

O avanço da Covid-19 em direção às comunidades brasileiras castigadas pela pobreza, com casas sem saneamento básico e carentes de serviços de saúde de qualidade, vai exigir medidas extremas das autoridades para controlar a doença no País, que registrou, nesta sexta, 115 novos óbitos, totalizando 1.056 vítimas.

Segundo Estado com o maior número de óbitos (147), atrás de São Paulo (540), o Rio de Janeiro está preocupado com suas periferias. Na capital fluminense, os moradores das favelas se preparam para o pior. “A ironia é que os ricos trouxeram a doença para o Brasil, e ela vai explodir entre os pobres”, diz o médico sanitarista Paulo Buss, diretor do Centro de Relações Internacionais e Saúde Global da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Na sexta, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), afirmou que estuda a “hospedagem compulsória” de idosos que moram em favelas e em Copacabana (zona sul) para que sejam isolados a fim de evitar contaminação pelo novo coronavírus.

A medida, que dependeria de uma decisão judicial, visa resolver a baixa adesão ao programa da Prefeitura de oferecer quartos de hotéis para idosos se isolarem. Até sexta, apenas 40 haviam aceitado o convite dos assistentes sociais – estão disponíveis mil vagas.

Cerca de um quarto da população do Rio, ou cerca de 1,5 milhão de pessoas, vive em favelas. Geralmente, elas estão localizadas nos morros, de onde é possível avistar os bairros ricos da cidade. É o que acontece na favela dos Tabajaras, em Copacabana.

“As pessoas estão muito assustadas”, diz Vânia Ribeiro, vice-presidente da associação de moradores dos Tabajaras e Cabritos. “O posto de saúde mais próximo é o mesmo usado pelas pessoas idosas de Copacabana e pelos turistas de todo o mundo”, assinala.

Diário do Nordeste