79% dos brasileiros defendem punição por violação de quarentena, diz Datafolha

Foto: Betto Jr./Arquivo CORREIO

Maioria expressiva dos brasileiros, 79%, defende algum tipo de punição para pessoas que violem regras de quarentena devido ao novo coronavírus no país. Desses, contudo, apenas 3% acham que prisão seria uma sanção aceitável. Já multas têm apoio de 33% e advertências verbais, de 43%. Isso é o que revela pesquisa feita pelo Datafolha na sexta (17), que ouviu por telefone 1.606 pessoas. Sua margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.

O governador paulista, João Doria (PSDB), disse que poderia considerar até a detenção como recurso último caso a pandemia se agravasse. Hoje, não há no país quarentena que impeça pessoas de ir à rua, apenas determinando o fechamento de comércio não essencial.

Doria foi acusado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de arbítrio. O tucano recuou e não falou mais no tema. Na sexta (17), ele estendeu a quarentena paulista até 10 de maio, sem endurecer regras.

Para 18% dos ouvidos pelo Datafolha, os governos não deveriam ter direitos sobre a circulação das pessoas. Outros 3% não souberam responder. O apoio às multas é mais prevalente entre jovens de 16 a 24 anos e assalariados com carteira registrada, 48%. Já as advertências têm maior apoio entre os mais ricos (5 e 10 salários mínimos, 53%, e de 10 salários para cima, 51%).

Também é mais alta do que a média nacional, 51%, a parcela daqueles que concordam com esse tipo mais leve de punição na região Sul, reduto do bolsonarismo no país. Na sexta, a Folha mostrou que a pesquisa indicava uma estabilização da aprovação ao trabalho de Bolsonaro, que registrou 36% de ótimo e bom, ante 38% de ruim e péssimo. Já governadores tiveram seu trabalho aprovado por 54%.

O Datafolha indica constância na forma com que os brasileiros estão se cuidando ante a Covid-19, em relação à rodada anterior da pesquisa, feita de 1º a 3 de abril. Dizem que vivem a vida como antes apenas 4% dos ouvidos, mesmo índice apurado há duas semanas.

Entre os que se cuidam, mas ainda saem de suas casas eventualmente para trabalhar, o índice oscilou de 24% para 26%.

Já entre os que só saem quando é inevitável oscilaram negativamente, de 54% para 50%, enquanto os que se isolaram totalmente oscilaram para cima, de 18% a 21%.

A pesquisa mostra uma tendência de alta, ainda dentro da margem de erro, na percepção de que os brasileiros estão se preocupando menos do que deveriam com a pandemia.

No primeiro levantamento, de 18 a 20 de março, 44% achavam isso. No de 1º a 3 de abril, eram 46%, e agora, 49%.

Enquanto isso, ficou estável a avaliação de que a preocupação é excessiva e caiu, no limite da margem, aqueles que acreditam que ela está na medida certa (34% a 33% a 27%, respectivamente).

FolhaPress